Em tempos tão desafiadores, a arte está viva, muita viva, e disponível a todos. Ela oferece acolhimento, provoca reflexão e pensamento crítico. Por isso, embora as atividades presenciais estejam interrompidas, artistas, curadores, centros de cultura e museus do mundo todo seguem rompendo fronteiras para levar seus projetos e coleções até as pessoas, em qualquer parte do planeta.
How Can We Think of Art at a Time Like This? é um bom exemplo. A exposição online aberta em março surgiu em Nova York (EUA). A partir da pergunta inspirada no momento atual do planeta (em livre tradução, “como podemos pensar em arte em tempos como estes?”), que enfrenta uma grande pandemia, as curadoras Barbara Pollack e Anner Verhallen esperam estimular o diálogo em um momento de distanciamento social significativo para a humanidade.
Elas convidaram inicialmente sete artistas – Judith Bernstein, Zhao Zhao, Kathe Burkhart, Miao Ying, Janet Biggs e Dread Scott & Jenny Polak. Após o lançamento, um novo trabalho, de um novo artista, passou a ser adicionado todos os dias.
O Google Arts & Culture é outra excelente opção. Desde 2011, a plataforma mantida pelo Google trabalha em colaboração com mais de 1.500 museus de 70 países para oferecer visitas virtuais gratuitas, por meio da tecnologia do Street View. Um de seus mais recentes lançamentos é a exposição Faces de Frida – uma vasta retrospectiva da obra e vida da artista mexicana, com mais de 200 trabalhos e objetos, entre pinturas, peças de vestuário, diários e cartas.
Esse exuberante passeio virtual é resultado da parceria de 33 museus e instituições do mundo, como o National Museum of Women in the Arts, localizado em Washington (EUA) e o Nagoya City Art Museum , do Japão.
Em São Paulo, a mostra Sandra Cinto: das Ideias na Cabeça aos Olhos no Céu, que celebra os 30 anos de produção da artista paulistana, também ganhou versão digital. Com curadoria de Paulo Herkenhoff, a exposição foi registrada por meio de uma câmera 360 graus, que permite ao visitante se mover livremente e ter uma visão completa de três andares do Instituto Itaú Cultural , onde foi montada. No vídeo, com cerca de cinco minutos, a própria artista comenta o processo de construção da curadoria e a seleção dos trabalhos.
Com a programação suspensa desde o dia 17 de março em razão da pandemia do novo coronavírus, o Itaú Cultural tem intensificado a produção de materiais e conteúdos pensados para toda a família, ampliando a produção de conteúdo para diversos públicos, como podcasts, cursos de EAD e vídeos, no site e redes sociais da instituição e na Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras.
O Instituto Tomie Ohtake também está desenvolvendo soluções semelhantes. Entre elas, seu Núcleo de Cultura e Participação liberou o acesso aos arquivos digitais da publicação educativa da exposição Murakami por Murakami , encerrada em março, que também reúne as narrações em áudio de obras selecionadas do artista pop japonês. Recentemente, disponibilizou visita guiada online da mostra Lumina , na qual a autora das obras, Mariana Palma, explica o contexto expositivo.